domingo, 31 de maio de 2015

Turma do Bambu

Esta rara foto, acompanhada de esclarecedor texto, recebi do preclaro amigo Ricardo Lincoln, o Barreirinha. Pela preciosidade do material, eu jamais poderia deixar de compartilhar com todos que se interessam e guardam a história da nossa cidade de Fortaleza.

“Amigo Totonho, 

Sendo você um expert no assunto amizade, envio pro teu acervo esta foto da antiga (e verdadeira) Turma do Bambu, reunida lá em casa, no início dos anos 1960. 


Da esquerda pra direita, sentados, Newton Mattos Brito, Fernando Castelo Branco, Isabel Rosário Dias, Maria Inês Barreira (minha irmã), Maria Beatriz Rosário Dias, ?, Osvaldo Riedel (agachado), José Aragão (atrás do Osvaldo), Juarinda Barreira (minha irmã), Lúcio Padilha e Juarez Ellery Barreira Filho (meu irmão mais velho, atrás do Lúcio); em pé César Barreira (também meu irmão), Aristófanes Holanda, Aruan, Flavio Saboya, Lucinha (minha irmã mais nova, em pé no batente), Heraldo Gomes de Freitas, Egberto Machado, eu (também em pé no batente), Titico (meu irmão, também em pé no batente, acima de mim), José Augusto Rosário Dias, Nelinho Gomes de Freitas, Roberto César Correia, ?, ?. Havia outros (Clécio Barroso Martins, Popó, Chil e Will Mattos Brito, Wilson Aragão, Silvio Castelo Branco etc.). 

O nome Turma do Bambu veio do ponto de encontro diário deles, no muro da ‘casa mal assombrada’, do Paschoal de Castro Alves, na Santos Dumont x Joaquim Nabuco, onde havia um bambuzal. Eu tinha menos de 10 anos de idade, mas sei que eles marcaram época. 

Um abraço, Barreirinha”

Valeu, amigo Barreirinha!

sábado, 30 de maio de 2015

A casa


Certa vez, ouvi: "A casa era bonita porque era um lar". Assim, belas são as coisas que tem vida pelas almas que possuem.

sexta-feira, 29 de maio de 2015

A perereca


O odontólogo Charles Júnior resolveu organizar uma dinâmica mais célere e eficaz à sua clínica dentária, em São Paulo. Para tanto, estabeleceu um formato empresarial ao modo de linha de atendimento de saúde. Agora, ao chegar, o paciente tira uma senha, aguarda a sua vez de ser encaminhado para o setor de anamnese, para estabelecer uma avaliação e diagnóstico e ser encaminhado para o procedimento clínico. Todo esse fluxo, certamente, tem agilizado o curso de atendimento às exigências legais e terapêuticas, gerando um aumento no fluxo de caixa.

Pois bem, recentemente, cedo da manhã, um sujeito de forte compleição física chegou à clínica para cuidar dos dentes. Cheio de cáries graves, necroses pulpares e gravidades periodontais, a boca do indivíduo parecia mais uma capoeira, de tanto toco espalhado pelas gengivas. Após demorados e insistentes confabulações com o corpo clínico de plantão, o dito-cujo conseguiu convencer aos odontólogos a extração de todos os seus dentes.

Porém, havia um detalhe. Ele não poderia atender a uma programação de agenda para extrair os dentes em diferentes datas, pois residia no distrito de Primavera, no município de Rosana, localizado no Pontal do Paranapanema, extremo oeste do Estado de São Paulo, na divisa dos Estados de Mato Grosso do Sul. Quer dizer, na cidade mais distante da capital paulista, dentro do Estado de São Paulo.

Ora, resolvido a não acumular dificuldades e a decidir tudo na hora, Dr. Charles Júnior pegou o boticão e os demais instrumentos para amolecer e arrancar dentes e lançou a solução para o paciente:

- Como é que o senhor quer que façamos as extrações?
- Doutor, pode ser tudo hoje?
- O senhor tem certeza e disposição para isso?
- Claro que tenho!
- É isso que o senhor quer?
- Sim, é isso que eu quero!
- Pois, então, vamos lá.

Dr. Charles Júnior preparou a assepsia do campo operatório, aplicou-lhe anestesia local, e iniciou a exodontia. Após o dia inteiro para a extração dos 32 dentes, dezesseis em cada arco dental, com a fala frouxa, o já banguela perguntou:

- Doutor, posso me ver?
- Claro. Entregando-lhe um espelho, respondeu.
- Mas, doutor, minha boca tá parecida com uma goiaba!
- Pois espere ela ficar de vez para pôr uma dentadura postiça.
- Como?
- Uma perereca!
- Pra economizar, doutor, a minha esposa tem uma que mal usa. Posso usar a dela?
- Bem, se ela for asseada...

quinta-feira, 28 de maio de 2015

Táxi


Da balada da noite anterior, em seu flat, Júnior acordou quase ao meio-dia, com a nova amada já banhada e vestida, esperando a hora de ir pra casa. Ainda bastante sonolento, Júnior virou-se à mesa de cabeceira e ao pegar a sua carteira de dinheiro, foi atravessado pela garota.

- Ei, o que é isso?!
- Isso o que, meu amor?
- O que é que você tá pensando em fazer?
- Lindinha, eu tô pegando um dinheirinho pra você...
- Mas, me respeite, seu canalha! Era só o que faltava!
- Meu amor...
- Meu amor o que, patife! Você acha que eu sou garota de michê?! 
- Espera ainda...
- Espera o que, vagabundo! 
- Você me respeite.
- Respeito uma pinoia! Você vem com esse papo de “um dinheirinho pra você” e ainda quer que eu não me zangue?!
- Meu amor, você está me entendo mal...
- Entendo mal, coisíssima nenhuma! E quer saber?! Tchau, vou embora!
- Peraí, que eu vou lhe deixar em casa...
- Absolutamente! Não quero, vou de táxi!
- Deixe-me, então, por favor, que eu pelo menos pague o táxi.
- É, pensando bem, vou aceitar a gentileza, sim.
- Bem, e quanto dá a corrida daqui até a sua casa?
- Mil reais...

quarta-feira, 27 de maio de 2015

A carona



Em meados de 1970, Dr. José Flávio estava na calçada de sua casa aguardando seu motorista oficial para ir à uma reunião em Palácio do Governo, como secretário da pasta de Indústria e Comércio. 

Pois bem, enquanto o motorista não chegava, o simpático Jean Sarquis - amigo de seus filhos Urbano e Tuca -, que passava guiando um surrado e guaribado fusquinha, atenciosamente, parou e perguntou:

- Dr. Zé Flávio, aceita uma carona?
- Ô, meu filho, vou a aceitar essa sua gentileza, sim. - Olhando para o adiantado da hora no relógio.
- Pois, bata os pés, entre e se acomode!

Dr. Zé Flávio riu, bateu os pés, entrou no veículo, se acomodou e, enquanto Jean engatava a primeira e acelerava a partida, comentou:

- Muito bom, rapaz, esse seu automóvel.
- É, sim, Doutor.
- Deve ser econômico.
- Bastante, Doutor.
- Confortável...
- Não posso me queixar...
- Bem, é um automóvel...

E quando o Dr. Zé Flávio ia fazer o quarto elogioso comentário, Jean o interrompeu:

- É, Doutor, é bom ir elogiando, porque se esculhambar, desce!

terça-feira, 26 de maio de 2015

Elis 70 Anos

Gilberto Gil, Raimundo Fagner, Ivan Lins, Luís Carlos Miele e Jair Oliveira.

Estive em São Paulo e tive o privilégio de assistir ao show Elis 70 Anos, alusivo ao aniversário da saudosa Elis Regina, a maior cantora brasileira de todos os tempos. 

João Marcelo Bôscoli,Raimundo Fagner e Luís Carlos Miele.

Produzido por João Marcelo Bôscoli, o espetáculo primou pela exata organização, conteúdo de roteiro, perfeita coloquialidade dos textos e excelência da qualidade musical dos participantes. 

Com a primazia de abrir o evento, em dueto virtual com a homenageada, Fagner cantou Mucuripe.

Luís Carlos Miele e João Marcello Bôscoli conduziram o show contando histórias e trazendo ao palco artistas que tiveram suas carreiras ligadas a Elis. Participaram: Raimundo Fagner, João Bosco, Jair Oliveira, Ivan Lins, Renato Teixeira e Gilberto Gil.

(Fotos: Google / Totonho Laprovitera / Joana Laprovitera)

O açougue

Em Ubajara, eu estava à trabalho quando alguém me comentou que lá era onde se encontrava a melhor carne do Estado do Ceará. Curioso e interessado, pedi que me indicassem o lugar em que eu pudesse encontrar a tal preciosidade.


Levado ao endereço, chegamos a um pequeno, porém, bem montado açougue, onde, de cara, a admirável higiene de suas instalações se fazia notar. Para se ter ideia do grau da limpeza do estabelecimento, não se achava um pingo de sangue, sequer, na bata do açougueiro. Os alvos azulejos das paredes e o piso de cerâmica esmaltada espelhavam em brilho. As peças de carne, então, estendidas em mantas no salão, de tão limpas, pareciam reluzir vivas à mais tenra luz. Aí, não tem cristão no mundo que se aguente a não fazer um elogio num momento desse! 

- Por obséquio, o senhor é o proprietário daqui?
- Sou, sim senhor.
- Qual o seu nome?
- José. José Lima.
- Pois, Seu José, quero lhe dar os parabéns! Que beleza de açougue o senhor possui! 
- Obrigado...
- Além das instalações e o serviço serem da melhor qualidade, nota-se que o higiene do lugar é exemplar!
- Ah, a gente só trabalha assim!
- Cheira à eucalipto...
- É, eu gosto...
- Olha, nessas mantas de carne, mesmo expostas, a gente não ver uma mosca, sequer, posada nelas.
- Ah, eu não relaxo quanto à isso.
- E qual o segredo desse feito?
- Meu amigo, o segredo é que aqui ninguém economiza. É tudo na base do Baygon!

segunda-feira, 25 de maio de 2015

Assalto no Venício

Venício.

Ninguém aguenta mais a onda de violência na cidade! E, hoje em dia, os bandidos são tão desalmados, chega nem respeitam mais os boêmios, notívagos da cultura da paz.

Pois bem, e não é que assaltaram o bar do Venício. Dois elementos aproveitaram um vacilo da turma e, devidamente armados, anunciaram a investida. Às duas e meia da madrugada, abordaram o argentário dono do estabelecimento, encostando revólveres nas cabeças de seus fieis fregueses. 

No assalto do bar, além de levarem R$ 450 do apurado da noite, arrastaram dois litros de uísque – um Old Parr e um Red Label –, carteiras de dinheiro, aparelhos de telefone celular, chaves dos carros, cigarros, e, pasmem, o tira-gosto que havia acabado de ser servido!

Após os meliantes evadirem, Venício procurou tranquilizar as vítimas do seguinte jeito: - "Negada, graças à Deus ninguém saiu ferido fisicamente! Agora, além da queda, o coice, pois quem vai comer o maior prejuízo é o papaizinho aqui, que, pelo visto, não vai receber um centavo da conta do que vocês consumiram..." 

Aí, um cliente que estava acompanhado de sua esposa, baixou as calças, tirou a roupa, deitou no chão, rolou e gasguitou: - "Gente, levaram a bolsa da minha mulher com 200 mil!"

Reparando aquela extravagante cena, com a vaia comendo de esmola, avexado, Vinício desceu as portas de enrolar e finalizou: - "Arre égua, desse jeito vocês me quebram..."

domingo, 24 de maio de 2015

Valeu, boi!


Nem bem tinha inteirado um mês de namoro e Osmilton já estava armando para a namorada. Ora, era quarta-feira, dia de Clube do Vaqueiro, quer dizer, dia de derrubar umas novilhas! Daí, resolveu dar um traço na ingênua amada. Foi à casa da inocente e, se fazendo de debilitado, conversou.

- Oi, gata...
- Ô, mozim, que foi que houve?
- Tô com uma murrinha da gota serena... 
- Tá dodói, né?
- É...
- Pois, vamos fazer o seguinte. Vá pra casa, se deite, descanse bem e durma...
- Mas, tesouro, eu queria tanto ficar aqui namorando com você...
- Não, você não está em condição de fazer nada. Vá pra casa e não se preocupe comigo, que eu vou é estudar para uma prova de OSPB que vou ter amanhã, bem cedo, no colégio.
- Sendo, assim, santinha, tá bem, vou seguir sua orientação.
- Beijo, mô...
- Beijo, mozim...

Então, de cabeça baixa, fazendo-se troncho, Osmilton saiu se segurando de euforia! Montou na moto emprestada e seguiu em direção à avenida Jovita Feitosa. Quando se afastou da casa da namorada, deu um berro e zarpou com mais de mil rumo ao Clube do Vaqueiro! 

Chegando ao seu destino, Osmilton parou numa banquinha próxima à entrada do clube, fez graça, contou piada, tomou um trago de cachaça, passou a mão nos beiços e adentrou à festa, que estava bombando. Mas, para seu espanto, teve uma surpresa nada agradável! Numa mesa de pista, quase no gargarejo do palco, seus olhos descobriram a sua ingênua namorada com um copo à mão cheio até o talo de Campari, animadíssima, bailando um forró no colo dum lourão todo musculoso. Pensou: “Essa égua deve ter vindo é de jato, porque eu vim de moto, na maior carreira e ela já está aqui nessas condições, com esse galalau?!”. Decidiu abordá-la.

- Boa noite, Dona Kátia Elizabeth!
- Boa noite, Seu Osmilton!
- Que papelão, hein?
- Osmilton, estou ocupada!
- Isso é coisa que se faça?
- Osmilton, por favor!
- Que falta de absurdo!
- Osmilto, vá embora!
- Vou mesmo!
- Amanhã, se quiser, apareça lá em casa que a gente conversa! 
- (Ah, égua...). Falou baixinho, consigo mesmo. 

No dia seguinte, depois de numerosos ensaios de tirar a namorada da cabeça, Osmilton rendeu-se ao que mandou seu dorido coração. Mal o dia escureceu, lá estava ele na casa da garota. 

- Que bonito, hein, dona Kátia Elizabeth?! 
- Osmilton...
- Sim?! Diga!
- Osmilton, se você veio aqui pra namorar, pode sentar, que a gente namora. Agora, se você veio pra brigar, pode dar meia volta e capar o gato!

Os pombinhos Osmilton e Kátia Elizabeth namoraram, ainda, por longos três meses!

sábado, 23 de maio de 2015

1964-1985

Estação Pinacoteca. Dossiê Ditadura: Mortos e Desaparecidos Políticos no Brasil (1964-1985).


1964: Tânia Gurjão Farias, Simone de Vasconcelos Soares e Bergson Gurjão Farias; 2012: Tânia Gurjão Farias e Simone de Vasconcelos Soares.

Filho de dois pais


Era sábado, em Nova Iorque, quando um conhecido comerciante tomava tranquilamente a sua costumeira cervejinha no X-Ramba. Daí, avistou do outro lado da Quinta Avenida, em meio a um burburinho medonho, uma jovem senhora carregando uma criança nos braços. Tendo o conhecimento de que ela havia nutrido um love com um velho amigo seu, o comerciante chamou a jovem, ofereceu-lhe refrigerante, pastel, e perguntou se aquela criança era sua. 

- Yes, Seu Orelo. 
- E quem é o pai? 
- Bem, é o seguinte. Vinte por cento é do John e oitenta do viajante da Gillete...

(Foto: Google)

sexta-feira, 22 de maio de 2015

No velho PV


Na tranquila Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção, no tempo em que as torcidas se misturavam no Estádio Presidente Vargas, lembro do grande escritor e crítico literário Braga Montenegro, meu padrinho de batismo, trajando um bem engomado silaque e torcendo pelo Ceará Sporting Club. Quando se aborrecia com a arbitragem, levantava-se da sua cadeira cativa e, de dedo em riste, fuzilava o árbitro: - "Larápio!"

Naquela época, as desigualdades sociais eram menores e os torcedores mais educados, portanto, se levava em conta o futebol abaixo da boa e saudável convivência de todos.

(Foto: Google)

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Pegar corda


Pra quem não sabe, antigamente, o brinquedo que se movia era ativado torcendo um mecanismo em forma de mola ou elástico que, ao ser estirado, fazia que ele se bulisse. 

Esses dois mecanismos eram chamados de "corda". Portanto, quando se dava "corda" num brinquedo, ele se bulia de forma mais avexada e energética. 

(Foto: Google)

Mentira


"A arte é a mentira que nos permite conhecer a verdade." (Pablo Picasso)

Não sei se minta hoje...

quarta-feira, 20 de maio de 2015

O favor

Zé Flávio Teixeira.

Ainda neste mês de Maio, meu primo Zé Flávio me ligou perguntando se podia pedir um favor.

- Claro, Zé, se estiver ao meu alcance...
- Mas, não é pr'agora, não.
- Não? E pra quando é, Zé?
- Outubro.
- Pelo visto, o assunto é urgente...

Rimos.

Jornalista e ex-grande craque de basquetebol, Zé está escrevendo o livro "Zé Flávio, 1.60 de basquete". 

Quem conhece o Zé, sabe da figura que ele é.

terça-feira, 19 de maio de 2015

Conquista


Quando escutou da donzela que só sairia com ele se fosse a algum lugar onde ninguém pudesse ser visto, o discreto Luizinho sugeriu: “Instituto dos Cegos!”.

(Foto: Isac Oliveira)

segunda-feira, 18 de maio de 2015

Aposentadoria


Essa história quem me contou foi Seu Celmo Girão, personalidade do mais elevado caráter.

Na Secretaria em que trabalhava no setor de análise de projetos, por sua larga experiência profissional e de vida, Seu Celmo ouvia pacientemente à todos com a sabedoria que lhe era peculiar.

Pois bem, certa vez, lá pelo início dos anos 1980, começando em seu primeiro dia de trabalho na repartição, um jovem arquiteto se espreguiçando, bocejou e perguntou:

- Seu Celmo...
- Diga, doutor.
- Com quantos anos de serviço a gente se aposenta mesmo, hein?

domingo, 17 de maio de 2015

Cabelos pretos e brancos


Há algum tempo, em São Paulo, o Antonio José me contou que, quando criança, em Sobral, dava o maior valor brincar com um caminhãozinho de madeira que tinha. Pois bem, certa vez, ele empurrou o brinquedo que pegou uma velocidade danada e foi bater no quarto de sua avó. Seguindo ligeiro, ele adentrou no recinto e, para sua surpresa, deu de cara com a avó, nua. Reparador que só, perguntou:

- Vovó, por que o seu cabelo de baixo é pretim e o da cabeça é bem alvim?

Apontando com as mãos, a avó respondeu:

- Meu filho, é porque na cabeça eu só tenho preocupação...

Inteligência e mediocridade


O afronto que mais me tem chamado atenção nos últimos tempos, é o da inteligência contra a mediocridade. Agora, infelizmente, os inteligentes estão perdendo para os medíocres.

O negócio é o seguinte. Os inteligentes são desprendidos, acham que resolvem suas dificuldades na hora que bem entendem e pronto. Os medíocres são muitos e apresentam a serventia de serem corporativistas. Não é a toa que muitos deles ocupam lugares de elevada evidência. Os inteligentes trabalham com resultados. Os medíocres com rigorosos horários. Os inteligentes se entregam a simplicidade de compartilhar seus conhecimentos. Os medíocres tomam o conhecimento dos inteligentes e estabelecem condições para dominá-los.

Bem, abreviando, vamos defender a união dos inteligentes, onde eles estabeleçam uma cultura que incorpore a capacidade de interatuar de forma ativa com pessoas de históricos diferentes, no princípio de diálogo igualitário da inteligência cultural.

sábado, 16 de maio de 2015

O dom da palavra


“A palavra branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira”, já dizia Salomão. 

Pois é, saber como dizer as coisas e quando dizê-las é um precioso dom quem nem todo mundo tem. E, em muitos casos, há quem diga que mais importante do que a mensagem que pretendemos passar, são as palavras que usamos como meio para a sua comunicação.

sexta-feira, 15 de maio de 2015

Corpim de violão


Um próspero comerciante dos Inhamuns, depois que ganhou um dinheirinho, reuniu uns amigos para descrever a namorada que arranjou numa festa em Poranga: 

- A caboca é mei desabonitada, mas tem um corpim de violão: reta e lisa na rabeira, com um buraco bem floreado na frente, só tem um braço e pega uma corda lascada! Agora tem uma coisa, naquele violão só quem mete a mão sou eu...

(Foto: Google)

quinta-feira, 14 de maio de 2015

Madeira


No rádio, eu ouvi uma mãe pedir ao delicado filho:

- Júnior, por favor, seja um fornecedor de madeira! Não seja depósito, não!

Ô povo criativo...

quarta-feira, 13 de maio de 2015

Paróquia da Paz

Padre Amarílio, da Paróquia Nossa Senhora da Paz.

Na primeira metade dos anos 70, a grande maioria da mocidade fortalezense da Aldeota e do Meireles se encontrava na Paróquia Nossa Senhora da Paz, aos domingos, no horário da missa das sete, mas, do lado de fora. De lá, a programação prosseguia no roteiro de ir ao cinema (no São Luiz, Diogo, Fortaleza, Art, Nova Metrópole, Ventura, Gazeta etc.), para depois merendar em alguma lanchonete da moda (na Bembom ou Top’s, por exemplo).

Pois é, era um desfile danado na rua Visconde de Mauá. Lembro das turmas se formando em torno dos assuntos de encerramento da semana. Bem em frente ao templo religioso, as casas tinham muros baixos que se transformavam em uma verdadeira arquibancada. 

Os rapazes fumando cigarros e as perfumadas moças mascando chicletes, com charme passeavam pra cima e pra baixo pelas calçadas, na maior paquera. Pense num burburinho! 

Agora, refletindo, acho que esse dominical programa da Paróquia da Paz era fruto da nossa rica cultura das nordestinas e interioranas quermesses religiosas. Ora, se era...

(Foto: Acervo Totonho Laprovitera)

terça-feira, 12 de maio de 2015

Solução arquitetônica

Maurício.

O Maurício havia acabado de comprar uma casa de veraneio e queixava-se que quando se deitava na rede, em seu quarto, as paredes balançavam. E foi logo avisando que queria uma solução que não gastasse mais nem um tostão, pois já havia tido muitas despesas com a compra do imóvel. Aí, eu dei a saída para a sua questão: 

- Amigo, você vai é economizar dinheiro com o que lhe direi agora. Bem, faça uma dieta rigorosa pra perder peso!

(Foto: Google)

segunda-feira, 11 de maio de 2015

Muito macho!


A esquina do Vaval reúne cada figura, que só vai vendo! O point dá abrigo a um magote de indivíduos, que vai do tapado ao gênio, do analfabeto ao intelectual, do pobre ao rico, do desocupado ao trabalhador... Mas tudo gente boa! Bem, pense num espaço democrático!

Outro dia, depois da novela das oito, o Bosco lá chegou para traçar calmamente a sua tradicional e farta picanha acebolada, com baião de dois, uma das especialidades da casa. Prato à mesa, era bonito de se ver o tal mamífero apresentando a sua carnívora voracidade! Sem pressa, entre uma e outra garfada, ele intercalava a refeição com tragos de cigarro e conversa fiada. E ainda sobrava-lhe disposição para arengar com algum incauto bruto.

- Ei, rapaz, tu tá tão educado hoje...
- Tô, né, Bosco...
- Vem cá, e essa camisa comprou aonde?
- Sei lá, porra, eu ganhei!
- É invocada, né?
- Tá bem...
- Ei, cara, sei não, mas tão dizendo por aí que tu é heterossexual, ó?
- Vai-te a puta que pariu, seu baitola! Heterossexual é tu, eu sou é muito macho!

domingo, 10 de maio de 2015

Perdido na serra


Eu mal havia terminado de construir minha casa, na Serra da Meruoca, quando resolvi pegar o carro e dar umas voltas pelas cercanias para desbravar as veredas do lugar. Rodei tanto que me perdi. Aí, avistei um grupo acocorado à beira da rodagem e fui logo perguntando: - "Boa noite, por favor, os senhores sabem onde fica a casa do Totonho?"

Um deles olhou pra mim e rindo:

- Mas, "seu" Totonho, o senhor não é o "seu" Totonho?
- Eu sei que eu sou eu, mas é que estou é perdido... 

Ensinaram-me e eu, tranquilamente, pra casa voltei.

(Foto: Google)

sábado, 9 de maio de 2015

Doutor Mascarenhas

Doutor Mascarenhas.

De porte austero, porém, de conduta delicada, Doutor Mascarenhas é uma figura! Contou-me o Amaro, que, na repartição onde trabalha, é Chefe do Setor Pessoal e terror dos funcionários. Pelos corredores, cumprimenta os senhores e as senhoras com um curto e seco “bom dia” e, aos jovens, com um festejante “booom diiiaaa!”

Mas é quando encerra o expediente que ele diz ser uma pessoa igual a outra qualquer. Sei não... Numa sexta-feira:

- Doutor Mascarenhas, a turma toda tá indo pro bar do Seu Arquelau, bora?
- Obrigado, mas não posso. É que hoje minha mãe me preparou um guisadinho que é uma delícia! Como não pude almoçar com ela, mamãe guardou agora pra janta. Ah, não tem como o guisado de mainha...
- Mas, Doutor Mascarenhas, e a cervejinha do Seu Arquelau, estupidamente gelada? 
- Deus me defenda! Posso nada... Ando numa crise de garganta daquelas... 
- Tudo bem, Doutor Mascarenhas, mas o senhor gosta de jogar sinuca!
- Eu mesmo não. Um jogo onde o taco fica de fora e as bolas é que vão pras caçapas... 
- E de mulher?
- Vixe, um bicho que nem tem onde se segurar...

E lá se foi para casa o Doutor Mascarenhas, com a sua velha, conservada e secreta pasta 007, carregada de sei lá o que...

sexta-feira, 8 de maio de 2015

Maestro

MG Maestro.

Dois carros chamavam atenção na década de 60: o Renault Gordini e o Renault Dauphine, fabricados pela Willys Overland do Brasil. Eram frágeis e quem os tinha tornava-se frequentador constante das oficinas.

Falando nisso, lembrei da visita que fomos fazer ao Ricardo e à Bete, na Inglaterra. Chegamos a Londres e lá estava ele esperando para nos levar a Loughborough, cidade em que morava. Enquanto arrumávamos as malas, ele me apresentou seu carro:

- Totonho, este é o meu carro.
- Legal. Qual é a marca dele?
- Maestro.
- Ah, é? Pois, tomara que hoje ele não queira fazer nenhum “concerto”! Respondi.

quinta-feira, 7 de maio de 2015

Água de retenção

Monumento Negra Nua, em Redenção, de Eduardo Pamplona.

Na aula de ciências, do curso ginasial, uma aplicada aluna resolveu testar o estreante professor, afilhado do diretor do colégio.

- Professor, fale-nos sobre água de retenção.

O jovem mestre, que não dominava nem um pouco a matéria, percebendo a intenção da estudante, assim se saiu:

- Ah, a água de Redenção é uma água muito boa! Em qualidade, não perde nem pra do Acarape! 
- Professor, eu disse água de retenção...
- Pois é, Redenção foi a primeira cidade brasileira a libertar todos os seus escravos. Lá, as fontes de água são do Rio Acarape, do Pacoti, de vários riachos, açudes, poços...
- Professor...
- Sim, e a festa da padroeira de lá é uma beleza...

E, emendando numa conversa sem fim, o professor não deixou a ginasial insistir no assunto, se enfiando num rosário de cantiga de grilo, até bater a hora do recreio.

(Foto: Google)

quarta-feira, 6 de maio de 2015

No toalete


A história que vou contar aconteceu em uma casa de arte, em São Paulo, por ocasião do vernissage de uma exposição de um artista alemão. 

Pois bem, depois de percorrer as salas que acolhiam as pinturas e os vídeos, pousei no salão em que as pessoas se agrupavam. Conversa vai, conversa vem, no balcão do bar, passei a provar uns drinques quando me sugeriram que eu fosse visitar o toalete da casa que era bastante interessante.

Aceitando a indicação, mesmo com a bexiga vazia, decidi ir conferir o lugar. De fato era curioso, pois a ambientação era cenográfica, com uma pequena sala de leitura com muitos livros em bem ilustradas prateleiras. Não passei de sua porta, quando percebi que uma garota de cabelos encarnados e de franja, com lábios e unhas negras, enfeitada de piercings de tudo quanto era espécie e trajando um recortado vestido negro repleto de tiras, se chegava ao toalete. Percebendo que ela dirigia-se para lá, em jeito de quem marcava lugar em fila, expliquei:

- Por favor, pode entrar. Eu só estou olhando...

Para surpresa minha, ela retrucou:

- Ô meu, eu vou entrar, mas é só! Não quero ninguém me olhando, não!

Aí, ela entrou, bateu a porta e eu nem tive como me explicar.

terça-feira, 5 de maio de 2015

Fagner e Moro

O cantor e compositor Raimundo Fagner e o juiz federal Sérgio Moro foram homenageados em recente evento, em Curitiba, Paraná. 

Está pronta a abertura da música composta por Raimundo Fagner em homenagem ao juiz federal Sérgio Moro, o chefe da Operação Lavo-Jato. A música foi cantada por Fagner para o juiz e sua mulher que estavam no Rio para a cerimônia de entrega do prêmio Você Faz a Diferença, na categoria Personalidade do Ano, do jornal O Globo, no hotel Copacabana Pálace.

(Foto: Acervo de Raimundo Fagner)

No Oásis


Quarta-feira, o Chico Pio me ligou pra contar como tinha sido a sua noitada na terça-feira no Oásis.

- Papai, foi bom demais!
- Conta, Chico.
- Ora, dancei das dez às quatro da matina!
- Muita mulher?
- Muita, mas dancei só com uma.
- Muito bonita?
- Horrorosa, mas e o litro de Red na mesa?!