Anísio e Dona Augusta
Reduto da boemia criativa, o Bar do Anísio, situado na Avenida Beira Mar, em Fortaleza, ficou famoso por ser o ponto de encontro dos artistas cearenses na década de 60 e 70. O ambiente simples, a praia e a simpatia do proprietário acolhiam longas noitadas culturais e a inspiração dos talentosos da cidade.
Sobre o bar, o guru cultural Augusto Pontes, declarou: ''Quase tudo no movimento cultural, com repercussões até hoje, nasceu lá, no Bar do Anísio, na Beira-Mar. Nem o Estoril tem essa memória que querem colocar, porque é posterior'' – [...] 'O pessoal frequentador, apesar de identificado com a esquerda, era muito ligado nas artes. Às noites estávamos todos lá: Paulo Limaverde, Cláudio Pereira, Flávio Torres, Rodger, Ednardo, o Fagner era rapazola, menor de idade, e chegava numa rural Willys, mas ia embora cedo porque não podia varar a madrugada que o Juizado não permitiria. Ele não era discriminado, apenas não tinha a nossa idade. O que não surgiu nas casas da Teti, do Rodger, do Evangelista, é porque foi produzido no Anísio, de onde descíamos para demonstrar na praia o fruto de nossa criatividade.''
Certa vez, no Anísio, Cláudio Pereira fez o concurso para eleger a Garota Cultural. Transmitido pela Rádio Assunção, na ocasião, o repórter ouviu de um dos jurados, o artista plástico Sérgio Pinheiro, a razão dele estar com uma régua na mão: - "É pra medir os “QIs” das candidatas..."
Bem, resumindo, o Bar do Anísio não escapou da especulação imobiliária e foi demolido para dar lugar a um luxuoso prédio na Beira Mar. Com o fim dele, foram-se os bons tempos da romântica boemia, embalada por rodas de violão.
Depoimento do Augusto Ponte prestado ao historiador Wagner Castro.
(Foto: Google)
Poeta e Amigo Totonho, apesar de não fazer parte dessa turma que voce cita na postagem, eu tambem frequentei o Bar do Anisio de quem me tornei muito amigo por intermedio do Celsir Girão que era um grande amigo do Anisio e da Dona Augusta mulher do Anisio.... Esse blog traz lindas e saudosas lembranças.... Só voce poeta poderia nos trazer essas recordações...
ResponderExcluirTotonho, no fim dos anos 70 o Pereira se fixou definitivamente no pedaço e foi morar numa casa quase vizinha ao Bar, é mais um belo capítulo da Beira Mar.
ResponderExcluirMinhas primeiras incursões ao Anísio foram em 1964, de lambreta, com o Fausto na garupa.
Anterinho, falando em recordações, nos prestigie com algumas de suas boas histórias. Seria um prazer publicá-las por aqui.
ResponderExcluirDelberg, o tempo que mais frequentei o Anísio foi justamente quando o Pereira habitava a casa ao lado.
ResponderExcluirAgora, colega, imagino o quanto era bom no Bar, com seus bons e inteligentes papos. Que tal você nos contar uma história de lá?