O bezerro Guajiru.
Para criar no nosso
sítio, em Parangaba, eu ganhei do meu padrinho de crisma, Narciso Pessoa, uma
bezerra da raça holandesa. Pus seu nome de Crasa, por causa de uma concessionária
de automóvel que tinha, na época, o seu reclame na televisão com o desenho
animado de um simpático personagem chamado Raimundinho.
A Crasa cresceu,
emprenhou e deu cria ao bezerro Guajiru, mesmo nome do sítio. Porém, como o meu
desejo era uma bezerra, ideal para desdobrar o meu rebanho, perdi o gosto pela
pecuária e vendi meu gado por alguns quatrocentos ou seiscentos cruzeiros. O
dinheiro da venda, primeiramente, entreguei por empréstimo a meu avô Miguel.
Depois, cresci os olhos com o mercado financeiro e resolvi pegar a quantia de
volta para emprestar ao Seu Petrônio, amigo do meu pai e tradicional lojista,
dono da Cruz de Ouro. Pedi quatro por cento ao mês, ele riu e aceitou a
brincadeira, para mim, coisa seríssima!
Posteriormente,
resgatei o dinheiro e apliquei em letras imobiliárias, na época, a grande
novidade do mercado financeiro. A carteirinha de investidor era motivo de
vaidade e eu fazia questão de apresentá-la para me mostrar. Mais tarde, troquei
a aplicação para o mercado paralelo e, por conta da vultuosa quantia, terminei
recebendo uma viagem para passar a Semana Santa em Majorlândia, praia do grande
Aracati!
Do livro Eu Conto,
de Totonho Laprovitera.
(Foto: Totonho
Laprovitera)
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