Por
Alexandre Neto*
Divagando
na memória, buscamos a história de um lendário homem que vivia na Praça do
Ferreira por volta dos anos 50 a mover céus e terras contra qualquer prática
vista indecente ou viciosa, cuidando pessoalmente da moral e dos bons costumes
da nossa cidade, o próprio se autodenominava de Barcovi (BARreira COntra o VÍcio).
Estava ele certa feita olhando um homem que acendia um cigarro atrás do outro,
sem medidas e com uma voracidade verdadeiramente viciosa, não se contendo e
ávido por mais uma negociação vitoriosa se aproximou do senhor e disse:
- Percebo
que o senhor é adepto do tabagismo.
- Sim, sou
e o faço com muito gosto e há muito tempo.
Impetuoso,
Barcovi persiste estreitando seu objetivo.
- O senhor
saberia há quanto tempo o senhor fuma?
- Acredito
que há uns 25 anos mais ou menos.
Chegara à
hora do golpe, de desferir o xeque mate.
- Acredito
que o senhor saiba dos males que seu vício trás, contudo como gostas, talvez não
perceba isso, mas o senhor já pensou o quanto gastas com seu vício? Se o senhor
já fuma há 25 anos, o dinheiro que o senhor já gastou fumando como pude
perceber, já daria para ser o proprietário desse edifício.
Nesse
momento Barcovi apontou para o prédio do Cine São Luis, um dos mais altos e
belos da Praça do Ferreira e recentemente inaugurado. Pronto acreditava ter
vencido. Mas o senhor fumante replicou.
- É bem
provável que o senhor esteja correto, o senhor obviamente não fuma?
- Não,
(disse Barcovi), jamais colocaria este veneno em minha boca!
- Como
percebo que temos basicamente a mesma idade posso crer que seja o dono desse
edifício!
Barcovi
olhou admirado para aquela bela construção e disse:
- Não,
senhor, não sou, não tenho essa sorte (disse quase que em um suspiro
desanimado)
O senhor
fumante inverte o jogo e em um só golpe exclama;
- Pois
muito prazer, sou Luiz Severiano Ribeiro, o dono do cinema.
* Alexandre Neto é professor e historiador.
(Foto: Google)
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