domingo, 25 de setembro de 2011

Entrevista

Em 2007, realizada pela competente  Rachelzinha Furtado, a revista eletrônica Autêntica Vida publicou a seguinte entrevista comigo:



...”a vida com arte, no mínimo, pode contribuir para um mundo melhor.”


RF - Como foi fazer sua primeira exposição já ao lado de artistas como Aldemir Martins e Heloysa Juaçaba?
TL – O fato de já ter exposto com Aldemir Martins e Heloysa Juaçaba me é motivo de grande orgulho, pois são duas fortes expressões da nossa arte. Com Dona Heloysa, que me lançou no mundo artístico, participei de algumas coletivas na Casa de Cultura Raimundo Cela. Com o Mestre Aldemir, que me incentivou a seguir carreira, expus várias vezes, aqui e em outros estados. Até hoje ainda aprendo com eles.

RF - Em que momento você percebeu que queria realmente começar a pintar e poderia ser um artista plástico profissional?
TL – Costumo dizer, nasci artista e tenho feito arte desde criança. Comecei cedo a participar do mundo das exposições, mas demorei a me profissionalizar, talvez de uns 20 anos pra cá (tenho 33 anos de itinerário artístico), pois sempre vendi pra pintar, nunca pintei pra vender. Acredito que essa filosofia tenha contribuído na qualidade do meu trabalho.

RF - A sua última exposição na UNIFOR chamou-se “Cangaço”. Como é remeter na sua arte um tema tipicamente nordestino?
TL – Eu me orgulho de ser nordestino, portanto, tudo o que diz respeito ao Nordeste me causa interesse. Há muito pesquiso o cangaço, tema que me é por demais generoso, pois já me rendeu dois importantes prêmios, um na UFC e outro na Unifor.

RF – Seria possível definir em palavras como o artista Totonho Laprovitera vê as coisas ao seu redor e como escreve isso em suas obras?
TL – Eu vejo as coisas ao meu redor procurando enxergar que a vida com arte, no mínimo, pode contribuir para um mundo melhor. Mais do que acreditar num povo, acredito numa civilização, daí busco pensar o agora mirando além do meu tempo. Como escrevo isso em minhas obras? Eu posso responder com o fechamento do texto escrito por mim para a minha última exposição, “Na minha pintura, a simples receita: Na paleta da vida, misturo arte com amor!”.

RF – Como foi representar o Ceará ano passado na Coletiva Artistas Brasileiros em Brasília?
TL – Encarei com muita responsabilidade a minha participação na Coletiva Artistas Brasileiros, no Senado. Até porque a exposição reunia vários artistas nacionais consagrados. No entanto, lá senti fé em nosso potencial! Eu digo “nosso” me referindo ao povo privilegiado que somos no ofício do fazer artístico. Temos aqui o que muitos lugares do mundo gostariam de ter: Matéria-prima humana! Possuímos centenas de talentosos artistas, muitos sem oportunidades e carentes de uma política de gestão cultural visando a arte para o exercício da cidadania, pelo menos.
Consequentemente, representei o Ceará com a consciência da excelência da arte da nossa gente!

RF – Raimundo Fagner lhe definiu como um artista múltiplo e elogia sua dedicação também à escrita, humor, arquitetura, artes plásticas e também como letrista de músicas. Como foi a experiência de escrever dois livros sobre o humor cearense e ser parceiro de músicos como Manassés?
TL – Há muito o Fagner acompanha as minhas artes e, ao me definir desse modo, ele estimula a minha multiplicidade das expressões artísticas.
Quanto ao humor, na verdade, escrevê-lo é simplesmente contar as nossas histórias. Nos livros, quase não inventei nada, bastei observar pessoas e lugares e, numa linguagem coloquial, passei pro papel. Rio muito quando escrevo textos engraçados.
Sobre as parcerias musicais, dou o maior valor letrar Manassés, Nonato Luiz, Zivaldo Maia, Chico Pio, Amaro Penna, Humberto Pinho, Eugênio Leandro, Herman Torres, Jabuti, Tarcísio Sardinha, Ricardo Bezerra, Wagner Castro... Bem, cada parceria conta e canta uma história. É bom demais levar a vida ao som da arte da amizade.

RF – É fácil lidar com tantos dons ao mesmo tempo? Não falta espaço para tanta arte?
TL – Fácil não é, mas prazeroso, sim. Faço o que gosto e o que faço me é lazer. A minha formação de arquiteto me deu a metodologia de projetar e assim projeto a minha vida no terreno da criação e alicerçado com ideias, ideais e desígnios.
Na falta de espaço a arte cria universos!

RF – Como analisa o cenário artístico da capital cearense hoje? Acredita que exista um movimento cultural forte como o da década de 60/70 onde saíram nomes como Fagner, Belchior, Amelinha...?
TL – Falando em cenário musical, né? Bem, sobre algum movimento cultural de agora e mais significativo, eu desconheço. Contudo, Fortaleza possui excelentes cantores, intérpretes e compositores, mas o destaque maior vai para os seus músicos. Eu vejo aqui, no momento, uma forte virtuosidade músico-instrumental. O que aqui se toca é muito bom e isso pode motivar um valoroso movimento.


RF – Quais os próximos projetos?
TL – Tenho vários projetos e um deles é fazer da exposição Cangaço uma mostra itinerante. Percorrer com ela outros estados e, quem sabe, ir ao estrangeiro. Sobre isso estamos tratando.
Outro projeto é explorar temas acerca da nossa gente. Jangadeiros é um, humoristas, outro. Ando lendo, ouvindo, pesquisando, sonhando e amando, que é para não esquecer da razão da vida.

RF - P - O que você acha da iniciativa de uma revista eletrônica, Autêntica Vida, dentro do universo que a gente vive hoje?
TL – A revista eletrônica é uma das mais fortes alternativas  no atual meio de comunicação. A velocidade da sua informação e a interatividade com os leitores tem propiciado uma nova compreensão de tempo, espaço, notícia, serviço e entretenimento.
Hoje, com ela o futuro nos chega numa velocidade tamanha, ao ponto de repensarmos nossos conceitos existenciais e comportamentais.
É uma realidade e daqui pra frente só tende a se expandir como ferramenta da mídia digital.

RF – Para você, uma pessoa Autêntica é...?
TL – Uma pessoa autêntica é aquela que consegue seu difícil diferencial no mundo de hoje: Ser ela própria!

(Fotos: Divulgação)

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