Em 2007, realizada pela competente Rachelzinha Furtado, a revista eletrônica Autêntica Vida publicou a seguinte entrevista comigo:
RF - Como foi fazer sua primeira
exposição já ao lado de artistas como Aldemir Martins e Heloysa Juaçaba?
TL – O fato de já ter exposto com
Aldemir Martins e Heloysa Juaçaba me é motivo de grande orgulho, pois são duas
fortes expressões da nossa arte. Com Dona Heloysa, que me lançou no mundo
artístico, participei de algumas coletivas na Casa de Cultura Raimundo Cela.
Com o Mestre Aldemir, que me incentivou a seguir carreira, expus várias vezes,
aqui e em outros estados. Até hoje ainda aprendo com eles.
RF - Em que momento você percebeu que
queria realmente começar a pintar e poderia ser um artista plástico
profissional?
TL – Costumo dizer, nasci artista e
tenho feito arte desde criança. Comecei cedo a participar do mundo das
exposições, mas demorei a me profissionalizar, talvez de uns 20 anos pra cá
(tenho 33 anos de itinerário artístico), pois sempre vendi pra pintar, nunca
pintei pra vender. Acredito que essa filosofia tenha contribuído na qualidade
do meu trabalho.
RF - A sua última exposição na UNIFOR
chamou-se “Cangaço”. Como é remeter na sua arte um tema tipicamente nordestino?
TL – Eu me orgulho de ser nordestino,
portanto, tudo o que diz respeito ao Nordeste me causa interesse. Há muito
pesquiso o cangaço, tema que me é por demais generoso, pois já me rendeu dois
importantes prêmios, um na UFC e outro na Unifor.
RF – Seria possível definir em
palavras como o artista Totonho Laprovitera vê as coisas ao seu redor e como
escreve isso em suas obras?
TL – Eu
vejo as coisas ao meu redor procurando enxergar que a vida com arte, no mínimo,
pode contribuir para um mundo melhor. Mais do que acreditar num povo, acredito
numa civilização, daí busco pensar o agora mirando além do meu tempo. Como
escrevo isso em minhas obras? Eu posso responder com o fechamento do texto
escrito por mim para a minha última exposição, “Na minha pintura, a
simples receita: Na paleta da vida, misturo arte com amor!”.
RF – Como foi representar o Ceará ano
passado na Coletiva Artistas Brasileiros em Brasília?
TL – Encarei com muita
responsabilidade a minha participação na Coletiva Artistas Brasileiros, no
Senado. Até porque a exposição reunia vários artistas nacionais consagrados. No
entanto, lá senti fé em nosso potencial! Eu digo “nosso” me referindo ao povo
privilegiado que somos no ofício do fazer artístico. Temos aqui o que muitos
lugares do mundo gostariam de ter: Matéria-prima humana! Possuímos centenas de
talentosos artistas, muitos sem oportunidades e carentes de uma política de
gestão cultural visando a arte para o exercício da cidadania, pelo menos.
Consequentemente, representei o Ceará com a consciência da
excelência da arte da nossa gente!
RF – Raimundo Fagner lhe definiu como
um artista múltiplo e elogia sua dedicação também à escrita, humor, arquitetura,
artes plásticas e também como letrista de músicas. Como foi a experiência de
escrever dois livros sobre o humor cearense e ser parceiro de músicos como
Manassés?
TL – Há muito o Fagner acompanha as
minhas artes e, ao me definir desse modo, ele estimula a minha multiplicidade
das expressões artísticas.
Quanto ao humor, na verdade, escrevê-lo é simplesmente
contar as nossas histórias. Nos livros, quase não inventei nada, bastei
observar pessoas e lugares e, numa linguagem coloquial, passei pro papel. Rio
muito quando escrevo textos engraçados.
Sobre as parcerias musicais, dou o maior valor letrar
Manassés, Nonato Luiz, Zivaldo Maia, Chico Pio, Amaro Penna, Humberto Pinho,
Eugênio Leandro, Herman Torres, Jabuti, Tarcísio Sardinha, Ricardo Bezerra,
Wagner Castro... Bem, cada parceria conta e canta uma história. É bom demais
levar a vida ao som da arte da amizade.
RF – É fácil lidar com tantos dons ao
mesmo tempo? Não falta espaço para tanta arte?
TL – Fácil não é, mas prazeroso, sim.
Faço o que gosto e o que faço me é lazer. A minha formação de arquiteto me deu
a metodologia de projetar e assim projeto a minha vida no terreno da criação e
alicerçado com ideias, ideais e desígnios.
Na falta de espaço a arte cria universos!
RF – Como analisa o cenário artístico
da capital cearense hoje? Acredita que exista um movimento cultural forte como
o da década de 60/70 onde saíram nomes como Fagner, Belchior, Amelinha...?
TL – Falando em cenário musical, né?
Bem, sobre algum movimento cultural de agora e mais significativo, eu
desconheço. Contudo, Fortaleza possui excelentes cantores, intérpretes e
compositores, mas o destaque maior vai para os seus músicos. Eu vejo aqui, no
momento, uma forte virtuosidade músico-instrumental. O que aqui se toca é muito
bom e isso pode motivar um valoroso movimento.
RF – Quais os próximos projetos?
TL – Tenho vários projetos e um deles
é fazer da exposição Cangaço uma mostra itinerante. Percorrer com ela outros estados
e, quem sabe, ir ao estrangeiro. Sobre isso estamos tratando.
Outro projeto é explorar temas acerca da nossa gente.
Jangadeiros é um, humoristas, outro. Ando lendo, ouvindo, pesquisando, sonhando
e amando, que é para não esquecer da razão da vida.
RF - P - O que você acha da
iniciativa de uma revista eletrônica, Autêntica Vida, dentro do universo que a
gente vive hoje?
TL – A revista eletrônica é uma das
mais fortes alternativas no atual meio de comunicação. A velocidade
da sua informação e a interatividade com os leitores tem propiciado uma nova
compreensão de tempo, espaço, notícia, serviço e entretenimento.
Hoje, com ela o futuro nos chega numa velocidade
tamanha, ao ponto de repensarmos nossos conceitos existenciais e
comportamentais.
É uma realidade e daqui pra frente só tende a se expandir
como ferramenta da mídia digital.
RF – Para você, uma pessoa Autêntica
é...?
TL – Uma pessoa autêntica é aquela
que consegue seu difícil diferencial no mundo de hoje: Ser ela própria!
(Fotos: Divulgação)
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