Descartes Gadelha.
Na oficina de render
bronze, gente maquinada desanuvia mundo de prontidão sonhado que fora
Conselheiro, um tal Antonio. De cá é outra luta. O tímpano de orquestra resolvido
após vencimento do latão, posto a fazer amizade forçada com a fibra indócil.
Bem ali, um barco enorme sonha o oceano e não vê a hora, enquanto o armador lunático
passeia insone em roda da criatura, seu poema náutico. De lá, o pigmento
derrotado cumpre com desmedida resignação os desígnios do seu dominador
mutilado durante a bravura, mas intacto no seu destino. Quarto de pintar é o
mesmo de sonhar, sonho é pintura na construção silogística de Gadelha que é também
escultor, compositor, percussionista, escritor, artesão, inventor, estudioso e
propagador de cultura, mas não é multimídia. Também não é próprio dizer que é
artista completo, porque soará arrogante demais para um sujeito que transitou
vida inteira de chinelo e bermuda pelo “Beco dos Pintos”. Descartes Gadelha é
um Griô.
Descido dos oitizeiros da
Tristão Gonçalves e caminhado até hoje, passado pela Rede Ferroviária, Escola
de Samba Ispaia Brasa e incontáveis maracatus, Descartes Gadelha é restante dos
quase setenta anos de muitas e boas. Passado e repassado na casca do alho,
redemoinha seus inventos sonhando vertigem e costurando o tempo com pincel e
tinta. Umas vezes poeta, outras vezes também.
Obras de Descartes em exposição
MAUC - Museu de Arte da Universidade Federal do Ceará - Sala Permanente
MOANA – Avenida Beira Mar, 4260
Casa do Sentir - Avenida Barão de Aracati, 457
Bravo Carlos Macêdo, seu artigo fala de Descartes de forma sintética e ao mesmo tempo com uma essência poética, o que é bem próprio de você.
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