quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Jean-Pierre Chabloz


Jean-Pierre Chabloz.

Era início da década de 80, quando tive a feliz oportunidade de conhecer Jean-Pierre Chabloz que, bastante receptivo, logo me convidou a visitá-lo.

Cheguei num sábado à sua casa na Vila Pita, começamos a conversar e todos os assuntos, naturalmente, convergiam para as artes. Ofereceu-me e preparou um coquetel de receita extravagante: leite, café solúvel, canela, cachaça e açúcar eram alguns dos ingredientes que compunham a fórmula. Para logo me livrar da poção, a bebi de gute-gute. Não deu certo, pois o novo amigo entendeu que assim eu tinha feito por ter gostado e me repetiu a dose.

Tranquilamente, Chabloz me falou de conceitos e fundamentos da arte de desenhar e pintar. Contou-me uma história que até hoje repito, como agora farei.

Pois bem, certa vez ele pediu a um menino, seu aprendiz, para realizar a seguinte tarefa: um desenho de uma criança numa ilha, debaixo de um coqueiro e avistando uma jangada. Não demorou muito e o menino já apresentou o desenho ao mestre, que de pronto o arguiu:

- Eu estou vendo a ilha, o coqueiro e a jangada. Mas, e a criança?
- A criança sou eu, mestre. Respondeu o menino.

O desenho que aprendi com a história do Chabloz.

Essa história me apontou o ponto de vista de que, na arte, o seu autor tem que estar inserido nela. Assim sendo, saberemos diferenciar o artista do fazedor de arte.

Do livro Eu Conto, de Totonho Laprovitera.
(Fotos: Google / Ricardo Guilherme)

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