quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

O namoro do Osmilton


A sogra do Osmilton.

Mais uma namorada habitava o coração do romântico Osmilton, o Paraíba. Era uma simpática garota que ele havia conhecido numa festa de formatura no Clube de Regatas Barra do Ceará. Contudo, ela foi logo prevenindo:

- Pará, vou logo avisando...
- Avisando o que, minha filha?
- É o seguinte, mamãe é super interesseira, viu?
- Ô, mozim, pode deixar que eu entendo essa falta de absurdo...

Sabedor do tipo da nova sogra, Osmilton resolveu a questão da seguinte maneira: para seu primeiro dia de namoro na casa da namorada, pediu emprestado da revenda de veículos do Papelin, seu maior amigo, um automóvel de luxo e uma alinhada camisa de seda, de mangas compridas. Papel ainda deu uma graninha para ele não chegar liso na casa da interesseira sogra.

De pano passado, pronto e cheiroso, Osmilton chegou dirigindo um Corolla novinho em folha. Para chamar atenção, buzinou três vezes e deu uma forte acelerada. Abriu a porta e baixou o som que tocava altíssimo uma música do Mastruz com Leite. A namorada, toda sapeca e pronta, chegou ao portão acompanhada da mãe, que olhou o genro da cabeça aos pés, para conferir se aprovava ou não o recente namoro da filha.

- Mamãe, esse é o...
- Muito prazer, senhora, eu me chamo Stepherson Macedo Dias Branco Queiroz de Jereissati Studart! Interrompeu, Osmilton, para surpresa da garota.

E para surpresa ainda maior, a ambiciosa genitora falou:

- Teté, mas você é muito besta, né, menino? Deixemos de formalidades e vamos logo entrando!

E continuou:

- Olha, Teté, vocês podem ficar aqui quietinhos que ninguém vai perturbar. Eu vou até pegar uma sinetinha pra vocês avisarem quando quiserem alguma coisa. Que tal um licoroso?
- Ah, licoroso é bom demais...

A generosa sogra trouxe o licoroso, acompanhado de um tira-gosto de salsicha com queijo de coalho ao palito.

- Eu sei como é começo de namoro, Teté. É tanta coisa pra se conversar... Quando quiser mais licoroso é só avisar com a sineta, tá bem?

E por aí continuou o rosário de gentilezas da pródiga sogra. No dia seguinte, ao contar o final dessa história ao Papelin, Osmilton disse:

- Papelin, o nosso começo de namoro parecia mais uma entrega de gás. A sineta era só blém, blém, blém!..

Do livro Eu Conto, de Totonho Laprovitera.

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