Tortora, província de Cosenza, Calábria, Itália.
No começo do século XX, com a crise econômica da Itália, meu bisavô materno Giuseppe Guerrera resolveu sair da pequena cidade de Tortora, na Calábria, para buscar novos negócios. E foi longe, veio ao Brasil. Não sei ao certo a razão dele ter escolhido o Nordeste, nem tampouco o Ceará. Só sei que era a escolha de muitos dos tortoresi.
Giuseppe Guerrera, em 1920.
Em Fortaleza, vinha carregado de novidades, sobretudo, de panos. Tecidos finos era a sua especialidade. Bem apessoado que só, era bonito de se ver o Seu Giuseppe vendendo a sua mercadoria. Pela sua educação esmerada, apresentava o fino trato com as pessoas e chamava atenção de todos da urbe.
Negociante nato, logo ampliou o seu estoque e expandiu seus horizontes. Adquiriu um pequeno albergue na Praça da Sé e estendeu de três para seis os meses que passava no Brasil. A família, na Itália, compreendia o valor do seu trabalho e a sua abnegação para o sustento de todos.
Laprovitera Michelle, servindo a Guarda Real, em Roma, em 1916.
Quando resolveu passar de seis para nove meses, aqui, coincidiu com o casamento de sua filha Marianna com o jovem Laprovitera Michelle, que havia acabado de lutar na então finda Primeira Guerra Mundial. Incentivada pela mãe Angela – mal sabia que iria se arrepender profundamente desse conselho –, Marianna convenceu Michelle a começarem a vida no Brasil, pois fariam um pé-de-meia e voltariam para a Itália.
Ao chegar no Brasil, o jovem casal deparou-se com uma surpresa: Giuseppe anunciou a sua decisão de retornar para a Itália, passando seus negócios para o genro. Voltou e nunca mais retornou ao Brasil. Marianna se deu bem na tranquila e pacata Fortaleza, Michelle virou Miguel e encontrou na cidade o seu paraíso, onde viveram a vida inteira sem, ao menos, voltarem em visita a Tortora.
Marluce, Marianna, Orlando e Miguel, em 1926.
Marianna e Miguel tiveram dois filhos, Orlando Francisco e Maria do Carmo, que pelo costume italiano passou a ser chamada de Mariuci e terminou sendo Marluce.
Aí começou a história da família Laprovitera no Ceará...
(Fotos: Acervo Totonho Laprovitera)
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