segunda-feira, 25 de julho de 2011

A tal da Bossa Nova

Tom Jobim e João Gilberto.

Em Natal, Chiquinho e Gera convidaram para o Carnatal os seguintes amigos: Luiz, Cid, Elias, Eliseu, Marcílio, Mário, Valtim e eu. Todos, com as respectivas consortes.

Na viagem, o animado grupo já fazia a base para enfrentar a micareta. Os brincantes chegaram animadíssimos e hospedaram-se num pequeno apart-hotel, na praia de Ponta Negra. Dos dez apartamentos do estabelecimento, o grupo ocupou nove, pois Eliseu acolheu-se na casa do primo Zé Plínio. À noite, no saguão do Cavernas, quando se preparavam para zarpar rumo à festa, o jornal da televisão noticiou o falecimento de Tom Jobim.

- Não é possível, morreu?! - Exclamou Valter, soltando o cigarro e aflito esmurrando a mesa.
- Quem morreu, Valtim? - Procurou saber Gera.
- Meu amigo Antonio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim, o Tom Jobim...
- E era teu amigo? - Perguntou Luiz.
- Mais do papai, desde o tempo da Guanabara... Bebiam juntos no Veloso e, por último, na Cobal.
- Taí que eu não sabia. - Eu disse.
- É, como dizia meu velho dileto Vinícius...
- Que Vinícius? - Inquiriu Elias.

Nara Leão e Vinícius de Moraes.

- O de Moraes.
- Vinícius de Moraes?
- O próprio. Lembro bem:
“A bênção, maestro Antonio Carlos Jobim
Parceiro e amigo querido
Que viajastes tantas canções comigo
E ainda há tantas a viajar”
- Quer dizer que ele também era teu amigo? - Interrogou Mário.
- Esse é que era mesmo. Uma vez a gente se encontrou num bar em Recife e ele até ofereceu um poema pra mim e pra Cláudia.
- Valtim, eu não sabia que você era entrosado com esse pessoal... - Comentou Cid.

João Gilberto.

- Tudo começou com o João Gilberto. Imagina que quando eu, ainda criancinha, ia passar férias na casa do papai, lá na GB, ele e a turma toda, aparecia pra bater aquele papo. Quando já era tarde, eles pediam permissão para tocar violão e cantar. Papai deixava, desde que fosse baixinho, pois eu já estava dormindo e ele não queria que me acordassem. E não sei se por coincidência ou não, mas foi nessa época que apareceu a tal da Bossa Nova!

Tom Jobim entre Sérgio Ricardo, Normando Santos, Ronaldo Bôscoli e Nara Leão.

Do livro Eu Conto, de Totonho Laprovitera.
(Fotos: Google)

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