quinta-feira, 28 de julho de 2011

TV Ceará Canal 2



No tempo em que  Fortaleza só tinha uma emissora de televisão, a TV Ceará, Canal 2, a história era assim: quando ligávamos para reclamar acerca de algum problema de transmissão, sugeriam-nos a mudança de canal. Coisas da molecagem alencarina!

Mas, molecagem à parte, filiada aos Diários Associados, comandada por Assis Chateaubriand, a TV Ceará ao entrar no ar em 1960 mudou os costumes do povo cearense.

Operador de câmara, nos anos 60.

Sua grade de programação era genuinamente local e criativa que só. Inicialmente, sua transmissão iniciava à seis da tarde e não botava nem até a meia-noite. Aliás, às oito tinha o “Boa noite, garotada”, que era uma chamada para os pais mandarem a meninada dormir.

Havia o “Noticiário Relâmpago”, apresentado por Narcélio Limaverde, e o Repórter Cruzeiro, que era o telejornal padrão do Canal 2. Existiu um que era o Cândido Colares narrando as notícias e o Mino ilustrando.

Marcus Miranda, o Praxedinho.

Tinha, também, programas como “7 Dias em Destaque”, o qual conferia jangadinhas para as personalidades que se destacavam na semana; “Comédia da Cidade” e “Vídeo Alegre”, com o bom humor do Renato Aragão - Américo Picanço foi um dos seus primeiros pares -, assim como o “Aí Vem o Circo” e “Risos e Melodias”. De 1963 a 1965, o sucesso de audiência era o programa “Dois na Berlinda”, com Marcus Miranda no papel de “Praxedinho”.

Augusto Borges comandava o "Show do Mercantil".

Dos programas musicais, lembro da Terezinha Silveira cantando num, e noutro, o “TV Juventude”, do Paulo Limaverde, que uma vez ingressou no estúdio montado numa lambreta. Nele, certa vez, se apresentou o infante Guto Benevides, dançando twist. E os de auditório? Quantos bons artistas o  Show do Mercantil”, levado ao ar aos sábados e comandado pelo Augusto Borges, apresentou e promoveu? Não dá pra contar. Ainda teve o "Porque Hoje é Sábado" e "Gente que a Gente Gosta", do Gonzaga Vasconcelos.

O pequeno Ricardo Pontes contracenando com o Emiliano Queiroz (à esquerda dele) em uma novela.

E as telenovelas? Deixavam os telespectadores de olhos grelados no João Ramos, Emiliano Queiroz, Ary Sherlock, Karla Peixoto, Glice Sales, Gonzaga Vasconcelos, Jório Nertal, Lurdes Martins e no pequeno Ricardo Pontes. A do “Conde de Montecristo” teve imagens gravadas no cais do Porto do Mucuripe, pelo Polion Lemos. “Oliver Twist” arrancava lágrimas, sobretudo, dos televizinhos, aqueles que todas as noites visitavam os vizinhos para assistir televisão.

“O Contador de Histórias”, narrado pelo João Ramos, apresentava adaptações de peças teatrais de autores famosos e foi uma série marcante na história do Canal 2.

Rita Angélica, garota-propaganda.

E os reclames? Ao vivo, sem direito à erros, as garotas propagandas faziam sucesso anunciando os produtos e encantando os telespectadores! Neles, também, o Toinho  marcou época na arte da improvisação. Cada marmota sua, fazia tanto sucesso, chega era motivo de comentário geral na cidade. É, mas, em 1965, a chegada do Vídeo Tape trouxe reflexos negativos para a programação local da emissora, que era toda ao vivo.

Alguns dos pioneiros da televisão foram:  Guilherme Neto, Narcélio Limaverde, Augusto Borges, Irapuan Lima, Neide Maia, B. de Paiva, Ary Sherlock, Eduardo Campos, Karla Peixoto, João Ramos, Marcus Miranda (o Praxedinho), Emiliano Queiroz, Renato Aragão, Antônio Mendes, Wilson Aguiar, Wilson Machado, Polion Lemos, Aderson Braz, Gonzaga Vasconcelos, Ayla Maria e Armando Vasconcelos.


Com a crise financeira do grupo Diários Associados, a TV Ceará entrou em decadência até sair do ar em 1980, numa melancólica transmissão de despedida, realizada em noite de vigília.

(Fotos: Google)

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