sexta-feira, 29 de julho de 2011

Ô povo fei!


- Taí, se tem uma coisa que acho bonita é gente feia!
- Rapaz, gente feia é de lascar...
- Olha, eu conheço um cidadão que nem a barba faz...
- Como assim?
- É que com a carinha que ele tem, ele faz é encruzilhada.
- Vixe!
- Pra achar a boquinha só vai mandando cuspir.
- Rostinho erótico...
- Será que dói quando ele respira?
- Parece que só quando espirra...
- Tem outro que desde novinho faz sucesso.
- Como assim?
- Bem, quando nasceu parecia pinto de urubu de tão bonitim que era. Foi até Bebê Johnson...
- Não acredito.
- Pois pode acreditar. Na primeira edição do livro A Vida do Bebê, do doutor Rinaldo de Lamare, foi capa.
- Faz é tempo, né?
- Bote tempo nisso, até em preto e branco ainda era publicado.
- Vai ver que ainda era composto em linotipia.
- Fique certo que era.
- Quanta transformação... Ah, tempo cruel!
- Outro dia vi foi aquele casalzim de encomenda, amigo nosso!
- Ô povo fêi!
- Pense numa harmonia... Passou foi longe...
- Ô côrra lindra!
- Desconjuntada.
- Esteticamente...
- Assimétricos!
- Mas quem ama o feio bonito lhe parece...
- É, tem razão...
- E no peso que tão, como será que fazem amor?
- Fazem o que?
- Amor.
- Ah, sim, entendi sumô.
- Olha, quando um tá por cima o debaixo só consegue mexer os zói.
- É, tem muita gente feia mesmo...
- Agora, tem uma coisa, você não pode tá achando o povo feio desse jeito, não!
- Por quê?
- Porque você não é nenhuma beldade, não.
- E tu, muito bonitim, né?
- Rapaz, quer saber de uma coisa?
- Diz.
- Vamos parar de reparar o povo que a gente tem mais o que fazer.
- E como...
- Aí dentro!

Totonho Laprovitera

Nenhum comentário:

Postar um comentário