Permita-me o desabafo. É que há um mês, mais ou menos eu
escutei a campainha da minha casa tocar e quando cheguei ao portão, dei de cara com
um homem que me perguntou:
- A senhora tem vagina?
Assustada e indignada, corri pra dentro de casa.
Na manhã seguinte, tocou a campainha, e o mesmo homem me
fez a mesma pergunta. Eu, mortinha de medo, meti o pé na carreira, novamente.
No terceiro dia, repetiu-se a mesma cena. Quando meu
marido chegou do trabalho, à noite, eu, enfim, resolvi contar pra ele o acontecido que, sentindo-se insultado, combinou comigo:
- Amor, amanhã eu não vou trabalhar. Se esse fi duma égua
aparecer, eu me escondo, você atende e aí eu apareço e dou na cara dele!
Na manhã seguinte, tocou a campainha e meu marido, antes
de se esconder, me disse:
- Amor, se for ele, diga que sim, só pra gente saber o que
ele vai dizer.
Atendi à porta, e o homem estava lá de novo com a mesma
pergunta:
- A senhora tem vagina?
- Tenho, sim, por que?! - Respondi.
- Ah, ótimo! Então me faça a gentileza de pedir ao seu
marido que pare de usar a da minha mulher e passe a usar a sua. Muito obrigado
pela sua atenção e até logo! - E foi embora.
Bem, por causa disso eu estou magoada, de mal e sem
falar com o Valtércio!
Ass. Ginelcy de Amoreiras”
Prezada Dona Ginelcy,
Não se precipite quanto às
suas conclusões acerca desse caso. Veja bem, o senhor que lhe procurou, pode
estar redondamente enganado. É possível, sim, afinal de contas, o cabueta deve
ter feito tal reclamação sem nem a distinta senhora dele saber. Coisa de gente
incerta, mansa e conformada, talvez.
Recomendo-lhe, portanto, cautela nos seus entendimentos com o Seu
Valtércio.
Atenciosamenre,
Laprovitera
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