Jovem namorada

Solidário que só, Doutor Roberto instruiu um velho amigo de como proceder diante da sua primeira noite com uma jovem namorada.

- Ora, por obséquio, meu nobre. Pela desmedida diferença de idade, não vá passar por nenhum constrangimento de natureza plástica ou conflito estético de compleição física!

- Robertinho, meu camarada, e o que é que eu faço?

- A qual ninho de amor você vai levá-la?

- Motel, mesmo.

- Pois bem, quando vocês chegarem e a menina for ao toalete, aproveite e se dispa logo. Depois, repouse na cama em decúbito dorsal!

- Decúbito dorsal?

- Sim, com a barriga voltada pra cima e cubra-se com o lençol, deixando apenas o rosto exposto. Ah, ia me esquecendo, tudo isso na penumbra, não se esqueça!

- E aí eu espero por ela...

- Isso mesmo!

E assim, o velho amigo do Doutor Roberto aprendeu a lição. No dia seguinte, encontraram-se.

- Diga, como o velho amigo se houve, ontem à noite?

- Rapaz, nem te conto...

- O que é que foi?

- Fiz tudo como você recomendou...

- E aí?

- E aí que a menina quando voltou do banheiro, olhou pra mim e pôs-se a chorar?

- A chorar?!

- A chorar, sim... Chega soluçava!

- E qual foi causa para tamanho pranto?

- Ela, apontou pra mim e falou: “É mesmo que tá vendo paim morto!”

- E?

- E? Ora, pulei da cama, nos vestimos, paguei a conta e nos mandamos, pois depois de tal comparação o clima ficou de velório...

- E velório com vela apagada!

Do livro Eu Conto, de Totonho Laprovitera.