Carlos Augusto e Francisco José.
O sonho era o de formar uma dupla para encarar o circuito internacional do tênis profissional. E o começo dessa pretensão se deu nas quadras do Náutico Atlético Cearense. Carlos Augusto e Francisco José até contrataram o Nélson como técnico, afinal de contas, queriam ousar no saibro, na grama e pensamento graúdo não faltava aos dois!
Primeiro passo: foram à BD Sports e compraram quase todo o material esportivo. Quase todo, porque o Carlos Augusto e Francisco José não queriam dar exclusividade à "seu" ninguém, tendo em vista o volumoso sucesso que estaria por vir e, em se falando de trajetória internacional, o assédio das empresas estrangeiras seria inevitável.
Em inédito esquema tático, Nélson traçava as estratégias do jogo: trancelim alternado entre a varanda da rede e o cantim da quadra, com avexados movimentos inspirados nas brincadeiras de pega-pega e esconde-esconde. O saque era à moda desfalque e a correria ao xexo. Estava tudo acertado!
Num match treino, contra a dupla Tonico e Osler, o público lotou as dependências do Náutico para assistir a contenda. E quem narrou a peleja foi o Jorginho, fazendo duma garrafa de Crush seu microfone: - "Pra lá, pra cá, pra lá, pra cá... Ponto para Carlos Augusto e Francisco José! Pra lá, pra cá, pra lá, pra cá... Ponto para Tonico e Osler!"
Deu empate...
Pois é, o sucesso parecia esperar de braços abertos ao promissor duo que, certamente, lavaria a burra! Mas, eis que o Maurício chegou e propôs transformar a dupla numa trinca, coisa que jamais existiu em tênis: três contra três! Daí, formou-se uma tremenda enronha diante da discussão e, para não brigarem e degringolarem a amizade, resolveram abandonar o magno projeto esportivo.
Sem tênis, Carlos Augusto e Francisco José voltaram para casa descalços, enquanto Maurício consagrava-se na contramão da Bezerra de Menezes, justamente no dia da sua inauguração. Mirou o Aero Willys 2600, novinho em folha, acelerou com mais de mil, tirando fina pela coxia da avenida, e saiu desembestado feito kamikase descapacetado, com a sua vasta cabeleira esvoaçando ao vento Aracati. E a vaia comeu de esmola!
Foi o sinal da mudança de um tempo que não volta mais.
(Foto: Arquivo Correio do Ceará)
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