Considerado louco e gênio, Arthur Bispo do Rosário (1909-1989) viveu os limites entre a insanidade e a arte. A sua história liga-se à da Colônia Juliano Moreira, instituição do Rio de Janeiro destinada a abrigar aqueles classificados como anormais ou indesejáveis (doentes psiquiátricos, alcóolatras e desviantes das mais diversas espécies).
Sergipano, de Japaratuba, Arthur Bispo era descendente de escravos africanos, foi marinheiro na juventude, até tornar-se empregado de uma tradicional família carioca. Numa noite, despertou com alucinações e disse ao patrão que iria se apresentar à Igreja da Candelária. Depois de peregrinar pelas ruas e igrejas do Rio de Janeiro, subiu ao Mosteiro de São Bento e anunciou a um grupo de monges que era um enviado de Deus, encarregado de julgar aos vivos e aos mortos. Dois dias depois foi detido e fichado pela polícia como negro, sem documentos e indigente, para depois ser conduzido ao Hospício Pedro II. Um mês depois, foi transferido para a Colônia Juliano Moreira, diagnosticado como "esquizofrênico-paranóico", onde permaneceu por mais de 50 anos.
Produziu objetos, com materiais de lixo e sucata, classificados como arte vanguardista. Entre os temas, destacavam-se navios (por causa da sua relação com a Marinha, na juventude), estandartes, faixas de misses e objetos domésticos. A sua obra mais conhecida é o Manto da Apresentação, que ele deveria vestir no dia do Juízo Final.
Inserido em contexto excludente, Arthur Bispo do Rosário consagrou-se como referência da arte contemporânea brasileira.
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