Nos anos 70 até os 80, a panelada mais famosa de Fortaleza era, sem dúvida, a do Mané Bofão, ali na Travessa Baturité, perto da Catedral.
Pois bem, por causa de tal fama, uma jornalista resolveu fazer uma matéria acerca da espécie do cozido.
- Bom dia, Seu Manoel.
- Bom dia. – Abotoando a camisa.
- O senhor poderia me responder algumas perguntas?
- Pois, não. Posso, sim, doutora. – Olhando a jornalista de cabo a rabo.
- Seu Manoel, me diga uma razão a qual a sua panelada é tão cobiçada. – Anotando.
- Olha, a negada diz que é a única que não enseba, nem debaixo do ventilador no três...
- E qual é a receita dela?
- Tem mistério não: leva mão de vaca, tripa, nervo, bucho de boi, óleo, maxixe, jerimum, pimenta do reino, colorau e sal...
- E o preparo?
- É o seguinte. Primeiro eu limpo bem as vísceras. Depois, corto tudim em pedacim, coloco numa panela, deixo escaldar com pouca água, fogo baixo, durante uma hora! Tô falando avexado?
- Está não. Pode continuar... – Ajeitando os óculos.
- Aí, coloco os tempero, um a um, e acabo com a panela no fogo, no mínimo umas três hora...
- Sei... E a que o senhor atribui, realmente, a sua panelada ser a melhor da cidade?
- Cuma?
- Qual o segredo dela ser a melhor daqui, de Fortaleza?
- Ah, sim! Vai ver, doutora, que é porque eu não lavo a panela há bem uns dez ano...
O texto tá tão interessante que deu água na boca. Deu pra sentir o cheiro.
ResponderExcluirMacêdo